Coisas que você sempre quis discutir, mas nunca achou alguém louco o suficiente para discutir isso com você.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Dias passados
Quem não se divertia com Lego que atire a primeira pedra.
Lego era, simplesmente, o ápice da infância de muita gente. Você pegava os bloquinhos, começava a encaixar e quando menos esperava tinha uma réplica do Batmóvel em tamanho real no seu quarto. As meninas podiam montar um pônei rosa do cabelo verde ou então o castelo da Barbie. Os indecisos podiam montar um castelo da Barbie com o Batmóvel na garagem, ou a Batcaverna com o Pônei rosa do cabelo verde na garagem, e assim sucessivamente.
A questão é: Lego divertia todo mundo, não importando cor, orientação sexual, nacionalidade, idade ou tamanho do pau.
Até quem curtia quebrar coisas (vide Sid Phillips, o psicopata mirim de Toy Story) se acabava com um Lego. Era só montar o que você queria, mandar pelos ares e montar de novo.
Outro brinquedo legal era Playmobil. Não era tão legal quanto lego, é verdade, mas quando juntava a galerë, cada um com seu conjuntinho de Playmobil (eu tinha um circo), a diversão era garantida.
Sempre tinha um palhaço pra dizer que alguém tinha roubado o boneco do conjunto dele, mas acontece nas melhores famílias.
Não esqueçamos dos Comandos em Ação. Nunca vou esquecer do natal em que eu acordei 5 da manhã, olhei debaixo da cama e ao invés do monstro genérico que todo guri de 5 anos espera, tinha um embrulho contendo uma nave do G.I. Joe. Ou o boneco que mudava de cor quando colocado na água gelada, ou os milhares de bonecos normais com milhares de armas cada um, que transformavam meu quarto numa zona de guerra pior que o Rio de Janeiro.
Falando em bonecos, todo guri que se preze tinha um boneco do seu super-herói preferido. Eu tinha um do Homem-Aranha que vinha com um quadriciclo. Aí eu parava pra pensar: "Pra que porra o Homem-Aranha vai precisar de um quadriciclo se ele pode balançar na teia? Ah, foda-se" e voltava a brincar com os bonecos. Rolava também uns bonecos dos Power Rangers, Cavaleiros do Zodíaco (que eu acabava quebrando a armadura tentando montar o bichinho tosco) Jiraiya, Jaspion e Jiban (nossa, quanto "j") que eu sempre acabava perdendo e tendo que comprar novos.
Muitas crianças gostavam de brincar de carrinhos, mas eu não. Mas se fosse de controle remoto, aí sim era o bicho. Eu me juntava com meus amigos pra apostar corrida de carrinho de controle remoto, com direito a narração e tudo. Era foda.
Mas nada, N A D A, supera a emoção de derrotar todos os meus amigos no futebol de botão, sem tomar nenhum gol. É, eu reinava no futebol de botão. Eu e meus amigos organizávamos campeonatos, cada um botava 1 real e quem ganhasse levava o montante. Eu sempre ganhava e pagava uma rodada de Coca pra galera. No final, todo mundo tinha seu real de volta.
Eu poderia até me estender e falar um pouco sobre Aquaplay, Genius, Cubo de Rubik, Jogo da Vida, Banco Imobiliário, Pogobol, Vai-e-vem, Tazo, Pega-Vareta, Cai-não-Cai, quebra-cabeças, Aqueles Álbuns Meio Nada A Ver Que Se Você Completasse Uma Página Ganhava Um Prêmio, Aquele Robô Esquisito Que Piscava E Fazia Barulho De Caminhão Dando Ré, arma de Espoleta (perfeito pra brincar de Polícia-e-Ladrão), pistola d'água, Kinder Ovo...
É, acabei me estentendo.
Deixando um pouco os brinquedos de lado, o condomínio que eu morava era o auge pra brincar de esconde-esconde, pega-pega, dono-da-rua, pimbarra, etc. Não tinha quadra, então quando a gente queria jogar bola, tinha que ir pra rua e parar o jogo toda vez que passava um carro. Quando tava calor, a gente ia pra piscina e brincava de sinal-de-vida (Marco Polo para alguns), 10 passos, etc. Rolava muito queimado também, que por sinal eu também reinava. Era uma sensação única acertar uma bolada na fuça da guria que eu era afim.
Até a literatura já fazia parte da minha vida. Eu tinha uma coleção enorme de Turmas da Mônica, umas 500 revistas. Eu lia, relia, lia novamente e ria das mesmas besteiras toda vez. Exatamente como faço quando assisto Friends hoje em dia. Eu gostava de ler também Recruta Zero, Pequeno Ninja e um tempinho depois comecei a me interessar por HQ's americanas, como Homem-Aranha e Batman. Graças a todos eles, uma das coisas que mais gosto de fazer hoje é ler. Valeu (nada de "PORRA"), Maurício.
Isso sem falar dos desenhos. Quem não lembra de O Fantástico Mundo de Bob, He-Man, Cavalo de Fogo, Caverna do Dragão, Capitão Planeta, Fly, Dragon Ball, Super Campeões, e afins? Quantas vezes não levei uma bronca por deixar de fazer o dever de casa pra assistir uma dessas porras?
E os Ataris, Master Systems, Mega Drives e Super Nintendos? Quem nunca se acabou jogando Enduro, Alex Kidd, Sonic, Mario ou Street Fighter? Vai dizer que você não adorava aquele jogo das Tartarugas Ninja estilo Beat 'em Up?
Kawabunga!
Mas o pior de tudo é que quando a gente é guri, tudo que a gente quer é crescer. E depois que crescemos, tudo que queremos é voltar a ser criança.
Nossa vida era basicamente diversão. A gente não precisava se matar de trabalhar, aturar professor feladaputa na universidade, pagar conta, se preocupar se vai ter dinheiro pra ir na balada no fim-de-semana, e todas essas merdas que fazemos hoje em dia.
Eu, sinceramente, sinto falta de pegar meus gibis da Turma da Mônica e passar uma tarde lendo, de me sentir um agente secreto enquanto brinco de esconde-esconde, ou de achar que tava jogando no Palmeiras quando jogava bola com a galera. Lembro até da sensação da barba do meu pai arranhando meu rosto quando ele me colocava pra dormir e dava o beijo de boa noite.
E foi exatamente por isso que tive essa "sessão nostalgia" hoje. Passei a mão no meu rosto, a barba arranhou minha mão e eu lembrei dessa sensação que descrevi acima. De repente eu pensei "Caraca, ontem eu era um guri brincando com meus amigos e hoje eu tenho barba e tô me arrumando pra ir pro trabalho".
Nossa vida muda, nossas prioridades mudam, a gente muda. Mas, no fundo, eu ainda sou aquele moleque que acordou cedo no natal pra encontrar a nave do G.I. Joe embrulhada debaixo da cama.
Quem nunca "foi feliz e não sabia" que atire a primeira pedra.
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Valeu Leo , vc me fez lembrar de tudo isso e chorar! Coisa de viado, eu sei... ashaushuahsu
ResponderExcluirO pior de tudo é que eu era feliz , e sabia que era feliz. Ja tinha noçao que seria uma fase, e porra , era mesmo uma fase. A melhor da vida. Mas era uma fase, apenas! Como pode, a gente ser feliz só por ter achado uma figurinha premiada no album do power ranger? Hj eu passo noites e noites nas baladas,e nao consigo metade da felicidade q tinha na infancia! Que vida loka, q mundo loko ...
Caramba...escorreu uma lágrima.Como era bom.Sem preocupação alguma,tinha tempo pra fazer tudo o que tinha vontade.Bom,acho que pelas diferenças culturais algumas brincadeiras aí eu não conheço,pelo menos pelo nome.Mas êta vidinha da boa,que só tende a piorar.Essa sessão nostalgia foi boa.
ResponderExcluirPutz, que nostalgia!! Fiquei emocionada agora e com essa: "Lembro até da sensação da barba do meu pai arranhando meu rosto quando ele me colocava pra dormir e dava o beijo de boa noite." Simplesmente perfeito, também lembro disso, e de quando eu dormia no sofá e acordava na cama #). Enfim, também conheço essas brincadeiras, sinto falta disso, por isso gosto tanto de brincar com a "gurizada" da família... shuashuas' e como você mesmo disse, só que em outras palavras no fundo ainda sou uma "guria" também...
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